13 junho 2021

Associação do Folhadal - Nelas

Historial
A Associação do Folhadal – Centro Social, Cultural e Recreativo comemora em 2019 o seu 80.º aniversário, um acontecimento que deseja celebrar de forma festiva e participada. Não é todos os anos que uma colectividade atinge tão bela idade, com um currículo que deixa orgulhosos os associados e toda a população. Mas também, com vontade de continuar a servir a comunidade, cuja obra é sua, nas várias etapas e com variadíssimos intervenientes. Nada se faz com apenas uma pessoa, ainda que algumas marquem de forma indiscutível toda a dinâmica associativa. A Associação do Folhadal foi criada em 1939 a partir de um dos dois ranchos folclóricos existentes na altura “Os Fenianos e os Valentim”, que aos fins-de-semana juntavam homens e mulheres para dançar. A partir desses dois ranchos, com o apoio da população, Abílio Pais Cabral e Augusto Pais dos Santos, de apelido Cartuxo, consolidam um grupo que passou a organizar regularmente bailes e festas tradicionais. Inspirados pelo movimento feniano com origem no Brasil, os dois ranchos deram origem a um único grupo, que passou a designar-se Grupo Recreativo Os Fenianos. No sentido de terem um espaço protegido e que servisse de sede provisória, os fundadores alugaram o espaço ocupado por um antigo lagar de vinho, sobre o qual foi montado um palco, com um corredor envolvente com serventia de camarim, um pequeno bar e uma porta lateral com acesso ao exterior. Durante décadas o local ficou conhecido como sendo o Salão, onde se organizavam bailes, ficando conhecidas as famosas matinées, e para onde foi adquirida a primeira televisão da aldeia em 1961. Salienta-se que as emissões regulares da RTP tinham começado em 1957. O sucesso dos bailes foi tão grande que as festas pagãs associadas às festas religiosas da Páscoa e da Santa Eufémia realizavam-se num recinto ao ar livre. Esse recinto improvisado foi durante muito tempo instalado no Largo do Colóquio, antes de ser ligado à Rua do Pombal. Mais tarde, o evento passou a realizar-se num terreno na Rua do Cabeço ou num terreno a meio da Rua Olímpio Albuquerque. Quem não se lembra destes bailes e das festas? Eram afamadas no concelho e na região. Por aqui passaram vários agrupamentos musicais como Ases do Ritmo, autores da música dedicada ao Folhadal, e os seus herdeiros Diapasão, assim como o agrupamento Central Troviscal. Quem não se lembra do terreiro vedado com falheiras de pinho ao alto, com a bilheteira à entrada e o pavimento do dancing construído com tábuas, no meio do recinto. Sem esquecer as luzes de várias cores que criavam um ar de festa e completavam todo o cenário. E o que dizer da tão aguardada “dança da flor”! Foi assim até ao início da década de 80. A partir daqui os bailes deixaram de estar na moda e a Associação procurou outros rumos. Primeiro, com a aquisição do espaço limítrofe ocupado pelo antigo lagar de azeite, depois com o início gradual das obras da nova Sede. Simultaneamente, a Associação passou a procurar novos objectivos. A partir de 22 de Maio de 1990, a colectividade passou a assumir a designação de Associação do Folhadal – Centro Social, Cultural e Recreativo, alargando as suas actividades na área social. Meses depois, a 1 de Junho de 1990, a Associação do Folhadal foi declarada Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). No dia 7 de Novembro de 1992 foi inaugurado o actual Bar e a 1 de Junho de 1994 entrou em funcionamento o Centro de Dia para Idosos. A 1 Julho de 2000 começou a prestar Apoio Domiciliário, consolidando o novo rumo traçado na transição da década de 80 para 90. No dia 21 de Dezembro de 1997 foi inaugurada oficialmente a sede da Associação do Folhadal, complementando as valências já em curso em 2001, com a inauguração do recinto desportivo e mais tarde com os respectivos balneários, em 2007. Actualmente, o Centro de Dia acolhe 20 utentes nas suas instalações, com apoio em múltiplas actividades diárias, que incluem as refeições, higiene pessoal, tratamento de roupas, fisioterapia, acompanhamento médico e actividades de lazer. Presta ainda Apoio Domiciliário a 25 utentes que, permanecendo nas suas habitações, recebem apoio 365 dias por ano, principalmente na alimentação, apoio na toma dos medicamentos, higiene pessoal e doméstica, e outros assuntos relacionados com a habitação. Embora mais vocacionado para prestar apoio social, a Associação não esquece as suas raízes e o seu património, integrando noutras actividades os seus utentes e amigos. Os bailes são agora menos concorridos, mas não é por isso que deixam de ser apreciados. A excelência do Salão de Festas, permite a realização de vários tipos de espectáculos assim como jantares comemorativos, juntando lazer, diversão e animados convívios. É o que sucede, por exemplo, pelo Natal e na evocação de cada aniversário do Centro de Dia. Simultaneamente, procuramos recriar celebrações da comunidade, como sejam, o Cantar das Janeiras, o Carnaval, o saltar da fogueira pelos Santos Populares, o S. Martinho, noites de fado e demais actividades culturais e recreativas. Em 2013 a Associação teve oportunidade de alargar ainda mais o seu âmbito, ao publicar o livro Folhadal – Do Lugar e das suas gentes, do autor José Gomes Ferreira, e de inaugurar a exposição de fotografias antigas alusivas à vivência deste povo de Folhadal. Em 2014 iniciou-se na Sede desta Associação uma Escola de Música, encontrando-se actualmente inscrições abertas aos participantes interessados. Desta Escola resultou a criação do Grupo Musical os Fenianos, apoiado por esta Associação. Com a história da aldeia a confundir-se por vezes com a história da Associação e vice-versa, estes são marcos dos quais nos orgulhamos, aguardando para breve a publicação do catálogo da exposição que contemplará o espólio apresentado e novas imagens que se juntaram à recolha anteriormente realizada. Quanto ao futuro da Associação depende de todos nós. Os actuais órgãos sociais estão dispostos a trabalhar pela manutenção do que temos alcançado e para ir mais longe. Para isso adquiriram recentemente um terreno limite á Associação com a área de 6000,00 m2, para nova construção, de apoio à área social. Acreditamos que quem vier a seguir agirá no mesmo sentido, pois apesar de eventuais diferenças dentro desta comunidade, existem fortes laços que a unem em prol de causas comuns.
Localidade Folhadal é uma aldeia que dista 2 Km a Sul da vila de Nelas. Segundo uma das teses sobre o nome da aldeia, a designação Folhadal deve-se à existência de grandes quantidades de folhado, nome de um arbusto caprifoláceo que seria vulgar na região. Com base nessa tese, o nome é um colectivo em –al do género de carvalhal, ervedal, castanhal, cevedal, que nos dois primeiros casos correspondem ao nome de localidades ou lugares no concelho de Nelas e concelhos limítrofes. Segundo o citado José Pinto Loureiro, no foral atribuído por El rei D. Dinis, a 13 de Janeiro de 1286, aos 26 moradores “o herdamento tinha a designação de Ffolhadaal”, nome que se manteve no Censo de 1527. Mais tarde o Padre Carvalho da Costa utiliza os nomes Folhadal e Filhadal, designações que se manteriam em meados do séc. XX (Loureiro, 1988: 278). No início do mesmo século Fortunato de Almeida chama-lhe Fulhadal (Almeida, 1915: 635), forma ainda usada na sua expressão oral, paralelamente a uma outra que sugere a supressão da primeira vogal, ou seja, pela expressão F’lhadal. Outra tese sobre a origem do nome da aldeia foi proposta por Augusto Soares D’Azevedo Barbosa de Pinho Leal na sua obra de referência – Portugal Antigo e Moderno (1874) –, sugerindo a denominação Toladal. Embora o termo coincida quanto ao enquadramento do espaço natural envolvente, referindo-se Toladal ao espaço entre dois ribeiros, esta tese é menos aceite.

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